segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Jesus convida-nos a ouvir as Bem-aventuranças



Em Mateus 5, 1 – 12, Jesus ensina-nos as Bem-aventuranças, que a princípio nos parecem ambíguas à nossa compreensão racional.

Um dos pormenores que nos devemos ater é que Jesus “ao ver a multidão” subiu a um monte. 

Jesus, certamente tinha observado a multidão e quando falamos de multidão, falamos de várias pessoas com diversidade de raças e até talvez, nacionalidades…

A ocupação romana daquele tempo permitia certa mistura de povos com suas diversas crenças.

Então Jesus, certamente já tinha estado entre a multidão. Muitas das pessoas que seguiam Jesus, procuravam-no por causa dos milagres que fazia. Quantas dessas pessoas lhe pediram a cura e a libertação dos seus males do corpo e do espírito? E quantos também desabafaram os seus problemas a Jesus, contando-lhes as suas dificuldades familiares e materiais?

Por isso, havia ali uma multidão de almas ansiosas por respostas para os seus problemas e as suas debilidades.

E Jesus subiu ao monte. Um monte é um lugar elevado.

Por vezes, diante dos problemas temos de elevar o nosso espírito para que assim do alto, possamos contemplar melhor a amplitude e a dimensão real do que nos atormenta.

Enquanto estivermos afundados nas nossas preocupações, dificilmente podemos descobrir a luz que está acima do véu da água turva que nos abate.

Melhor é que subamos para o alto e que saiamos do fundo que nos agarra os pés…  e, então, livres podermos  elevar o nosso pensamento para as coisas do alto.

São Paulo, em certa altura, aconselha desta maneira uma das comunidades cristãs daquele tempo: “Aspirai às coisas do alto e não às coisas da terra.” (Carta aos Colossenses 3, 2).

Jesus subiu ao monte e de lá conseguia ver o mar de gente que o seguia com todas as suas dores, angústias e preocupações. O que poderia dizer a toda esta multidão que ansiava por libertação?

Jesus sentou-se. Muitos dos sermões foram dados por Jesus depois de sentar-se no meio do povo. Este à vontade de Jesus revela a sua convicção acerca do que falava. Ele não precisa estar de pé, falar alto ou gesticular energicamente para ser ouvido.

Ao sentar-se, Jesus convida a todos a sentarem-se com ele. E quando nos sentamos, percebemos logo que o que vai ser dito será demorado.

O gesto de nos acomodar e pormo-nos à vontade, seja em que situação for, revela que não temos pressa e estamos completamente disponíveis para aquele momento.

Jesus, não se importa, que ao sentar-se, não se torne visível a todos. Aliás, com uma multidão em torno dele, Ele sabia que nem todos o veriam nas melhores condições.

Efetivamente, Jesus não desejava que o vissem e o contemplassem pelo que era fisicamente. 

Jesus, deste modo, nos convida a contemplar no íntimo do coração as suas palavras.

Nos tempos de hoje nos atemos muito ao que vemos e não tanto ao que ouvimos. A televisão procura captarmos mais pelo sentido da visão do que pelos demais sentidos. E, por vezes, acabamos por nos prender a pormenores efémeros como um corte de cabelo ou um estio de roupa.

Quantas vezes, já me aconteceu de ver um programa de televisão e ao final, pouco me lembrar do que foi dito e acabar por apenas me recordar de uma imagem chocante que foi exibida?

Jesus, já naquele tempo nos ensinava a ouvir e não tanto a ver….  

“Que o sábio escute, e aumentará seu saber, e o homem inteligente adquirirá prudência para compreender os provérbios, as alegorias, as máximas dos sábios e seus enigmas.” (Provérbios 1, 5-6)

Jesus ensina-nos que falar com o coração é mais eficaz do que falar com eloquência.

Ao mesmo tempo, Jesus sabia que quem o quisesse ouvir, ia ficar à espera das suas palavras pois eram estas que iriam confortar os seus corações. Quem tivesse com pressa ou preocupado com a imagem de Jesus, já estava de antemão, surdo e distante da Sua presença.

“Depois de se ter sentado, os discípulos aproximaram-se dele.” Sim, quem deseja ouvir Jesus e aprender com Ele chega-se mais perto. Se desejamos ouvir Jesus devemos nos aproximar Dele. E essa aproximação faz-se com o coração puro e desapegado.

Se começamos a rezar com o nosso pensamento preso às preocupações e com a limitação do relógio, estamos muito longe da presença de Jesus.

Os verdadeiros discípulos de Jesus, aproximam-se o mais que podem.  O coração e os ouvidos ficam completamente absorvidos pela presença de Jesus.

Este aproximar-se de Jesus é feito à medida que nos colocamos inteiramente disponíveis para ouvi-Lo.

E Jesus “então tomou a palavra e começou a ensiná-los, dizendo”: “Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu.


(Este texto continua nas próximas publicações deste blogue…)

(Os textos bíblicos foram retirados do seguinte site on line: www.bibliacatolica.com.br/biblia-ave-maria)

(A foto é uma pintura de Rosária Vilela de tinta acrílica sobre cetim intitulada "Jesus, o Senhor que cura".)

domingo, 15 de janeiro de 2017

Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!




“No dia seguinte, (João Batista) ao ver Jesus, que se dirigia para ele, exclamou: «Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! É aquele de quem eu disse: ‘Depois de mim vem um homem que me passou à frente, porque existia antes de mim.” (S.João 1,29-30)

Hoje, durante a leitura da missa, senti-me abraçada por Jesus.

Jesus tornou-se o cordeiro de Deus que me tirou o pecado.
Um Deus soberano fez-se cordeirinho e sacrificou-se por mim.

Ele já existia antes de João Batista. Ele já existia antes de mim.

Ele não precisava se sacrificar por mim…
Deus é Deus!

Quando vejo os deuses do mundo com a sua justiça moldada aos seus gostos e comodidades, pasmo e ajoelho-me diante do meu Deus que se fez cordeirinho num sacrifício eterno por mim.

Por vezes, ouvimos tantas vezes a mesma leitura e não nos damos conta o quanto ela nos interroga acerca do que somos…

Se um Deus infinito e omnipotente se faz pequenino, quem sou eu para ser altiva e prepotente perante as fraquezas dos outros?

Quem sou eu para me vangloriar da minha sabedoria ou esperteza, diante de um Deus que se faz pequenino para abraçar-me com os meus pecados e as minhas fraquezas?

Quem sou eu para amaldiçoar quem me faz mal, se o meu Deus, na cruz perdoou a todos, orando que “eles não sabiam o que faziam” ?(Lucas 23, 34)

Ah, não sei realmente o que faço quando me visto com a minha prepotência e apoio-me em certezas humanas!

Sou uma fraca vara agitada pelo vento no deserto! (Mateus 11,7)

Assim como João Batista, sinto-me como esta vara seca que se deixa agitar no deserto humano das emoções terrenas…

Sem flor e sem rama, ergo-me na areia como se a minha sabedoria humana fosse o bastante para guiar-me numa boa direção…

É vã, esta minha vontade de querer mostrar que posso fazer tudo sem Deus…

E Deus que existe e que existia antes de mim vem abraçar-me, ensina-me e faz-me compreender aquela frase enigmática que proferiu um pouco antes do seu sacrifício na cruz: “O maior de entre vós será o vosso servo. Quem se exaltar será humilhado e quem se humilhar será exaltado.” (Mateus 23, 11-12)

E assim, no dia seguinte, quando Jesus vem ao encontro de João Batista, apercebo-me que também, hoje, é Ele quem vem até a mim…

Ele vem até mim como cordeiro de Deus que deseja lavar o meu pecado com a sua luz misericordiosa!

E então, tal qual João Batista, consciente da minha pequenez, eu também ouso  anunciar a todos que me rodeiam: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!