domingo, 19 de maio de 2019

“- Como pode este Jesus nos oferecer a sua carne para comermos?”





“- Como pode este Jesus nos oferecer a sua carne para comermos?” (João 6, 52)

Com esta pergunta, os judeus apresentavam-se diante de Jesus quando Dele ouviram o seguinte:
- Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Se alguém comer deste pão, viverá para sempre. Este pão é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo”.(João 6, 51)

A pergunta dos judeus ainda hoje é feita pelas pessoas do nosso tempo. Diante da Eucaristia, verdadeira carne e sangue de Jesus, apresenta-se muito além do que é possível crer, diante do pão e do vinho que em nada se altera visivelmente aos olhos humanos.

Sim, com facilidade, fala-se de um ditado chinês ou mesmo do que o horóscopo tem para dizer conforme o signo do zodíaco. Mas quando se fala da Bíblia, ou de qualquer outro tema cristão, especialmente conceitos católicos, há toda uma questão de dúvida que tem se colocar, porque nestes tempos não se deve estar apegado a estas crenças tão antigas, não fossem aquelas, muito mais supersticiosas,  do que baseadas em uma história real e concreta como o foi a vida da Jesus Cristo.

Por isso, não me surpreende que no tempo de Jesus, igualmente se tenha colocado em questão que um simples pão e vinho apresentem-se como verdadeira carne e sangue de Cristo.

A superstição cada vez mais impera no nosso tempo, e por isso, ainda hoje, a Eucaristia interroga e constrange muita gente. E a pergunta dos judeus tem continuado ao longo dos tempos, havendo até várias igrejas cristãs que acreditam em Jesus mas não acreditam e nem têm a Eucaristia.

Realmente, na nossa mente lógica, é difícil perceber isto de corpo e sangue de Cristo.

“Jesus lhes disse: “Eu digo a verdade: Se vocês não comerem a carne do Filho do homem e não beberem o seu sangue, não terão vida em si mesmos. Todo aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida.” (João 6, 53-55)

Desde a minha primeira comunhão, sinto que algo mais que pão entra na minha boca. No momento em que recebo a Eucaristia, uma força e paz interior envolve-me inteiramente. Desde cedo, percebia sem explicação racional, como tal momento da comunhão do Corpo e Sangue de Cristo é e sempre me foi tão intenso. 

Claro que houve quem me dissesse que a hóstia era apenas trigo, e então após esta constatação, ainda mais não percebia porque tal momento em que comungava era tão intenso.

"Os sinais essenciais do sacramento eucarístico são o pão de trigo e o vinho da videira, sobre os quais é invocada a bênção do Espírito Santo, e o sacerdote pronuncia as palavras da consagração ditas por Jesus durante a última ceia: «Isto é o meu corpo, que será entregue por vós... Este é o cálice do meu sangue...»." (Catecismo da Igreja Católica, nº 1412)

“Todo aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.” (João 6, 56)

Quando ouço estas palavras ditas pelo próprio Jesus, apercebo-me que é exatamente isso que sinto, quando comungo. Sinto a presença de Jesus em mim e neste momento tão pessoal e íntimo, converso com Ele de forma bem próxima.

“A sagrada Comunhão do corpo e sangue de Cristo aumenta a união do comungante com o Senhor perdoa-lhe os pecados veniais e preserva-o dos pecados graves. E uma vez que os laços da caridade entre o comungante e Cristo são reforçados, a recepção deste sacramento reforça a unidade da Igreja, corpo Místico de Cristo.” (Catecismo da Igreja Católica, nº 1416)

Após comungar, por algum tempo, não tenho realmente vontade de comer pois sinto que a presença de Jesus me sacia inteiramente.

“Este é o pão que desceu dos céus. Os antepassados de vocês comeram o maná e morreram, mas aquele que se alimenta deste pão viverá para sempre”. (João 6, 58)


Alexandrina de Balazar, a partir do dia 27 de Março de 1942, viveu treze anos em jejum e anúria. O seu alimento foi exclusivamente a Eucaristia.

“Jesus declara-lhe «Não te alimentarás jamais na terra. O teu alimento é a Minha Carne; o teu sangue é o Meu Divino Sangue; a tua vida é a Minha vida, de Mim a recebes, quando te bafejo e acalento, quando uno ao teu o Meu Coração. Não quero que uses medicina, a não ser aquela a que não possas atribuir alimentação. Esta ordem é para o teu médico; será ele que toma a tua defesa. É grande milagre da tua vida.» (Sentimentos da Alma; 07/12/1946)

Um ano depois de Alexandrina ter começado o seu Jejum e anúria completo, em 1943, foi levada ao Hospital “Refúgio da Paralisia Infantil”, na Foz do Douro, onde ficou internada por quarenta dias para ser rigorosamente observada. Eis o relatório médico:

«É para nós inteiramente certo que, durante os quarenta dias de internamento, a doente não comeu nem bebeu; não urinou nem defecou, e esta circunstância leva-nos a crer que tais fenómenos possam vir a produzir-se de tempos anteriores.”

No dia 25 de abril de 2004, Alexandrina Maria da Costa foi beatificada em Roma pelo Papa S. João Paulo II. A partir desta data, tornou-se beata da Igreja universal.

Penso que a Beata Alexandrina de Balazar revelou em seu próprio corpo, o que a Eucaristia, corpo e sangue de Jesus opera no nosso corpo biológico. As palavras de Jesus mostram-se reais neste caso tão próximo aos nossos tempos e sem uma resposta científica que o possa justificar.

“Declarou-lhes Jesus: “Digo a verdade: Não foi Moisés quem deu a vocês pão do céu, mas é meu Pai quem dá a vocês o verdadeiro pão do céu. Pois o pão de Deus é aquele que desceu do céu e dá vida ao mundo”. Disseram eles: “Senhor, dá-nos sempre desse pão!” Então Jesus declarou: “Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim nunca terá fome; aquele que crê em mim nunca terá sede.” (João 6, 32 -35)

Penso que estes sinais visíveis no mundo, são pequenas mechas de luz que Deus derrama na humanidade para demonstrar a verdade das palavras de Jesus.

Para além destes sinais na própria vida dos santos, também por todo o mundo existem milagres eucarísticos, alguns deles que impressionam pela sua precisão e especificidade, como se Deus preparasse para cada momento da história da humanidade, o sinal visível mais adequado às limitações causadas pela incredulidade humana, com o progresso científico.

Deixo ao fim deste texto, um link onde poderá conhecer mais em pormenor o que são estes milagres eucarísticos e como eles começaram no artigo intitulado: Milagres Eucarísticos: o que são e como começaram?

Mas por que Deus nos dá estes sinais?

“Mas, como eu disse, vocês me viram, mas ainda não creem. Todo aquele que o Pai me der virá a mim, e quem vier a mim eu jamais rejeitarei. Pois desci dos céus, não para fazer a minha vontade, mas para fazer a vontade daquele que me enviou. E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum dos que ele me deu, mas os ressuscite no último dia. Porque a vontade de meu Pai é que todo aquele que olhar para o Filho e nele crer tenha a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia”. (João 6, 36-40)

Deus nos ama tanto que deixou esta presença real de Jesus para que não nos percamos nas distrações do mundo e nem nos esqueçamos da nossa essência como criatura de Deus.

O modo da presença de Cristo sob as espécies eucarísticas é único. Ele eleva a Eucaristia acima de todos os sacramentos e faz dela «como que a perfeição da vida espiritual e o fim para que tendem todos os sacramentos» (São Tomás de Aquino, Summa theologiae 3, q. 73, a. 3, c: Ed. Leon. 12, 140.). 

"No santíssimo sacramento da Eucaristia estão «contidos, verdadeira, real e substancialmente, o corpo e o sangue, conjuntamente com a alma e a divindade de nosso Senhor Jesus Cristo e, por conseguinte, Cristo completo» (Concílio de Trento, Sess. 13ª, Decretum de s.s. Eucharistia, can. 1: Ds 1651.). «Esta presença chama-se "real", não a título exclusivo como se as outras presenças não fossem "reais", mas por excelência, porque é substancial, e porque por ela se torna presente Cristo completo, Deus e homem» (Paulo VI, Enc. Mysterium fidei: AAS 57 (1965) 764.)." (Catecismo da Igreja Católica, nº 1374)

Diante das palavras de Jesus tão concretamente explíctas, acerca do seu corpo e sangue estarem no pão que dá a vida, muitos discípulos ficaram confusos e abandonaram Jesus…

“Daquela hora em diante, muitos dos seus discípulos voltaram atrás e deixaram de segui-lo. Jesus perguntou aos Doze: “Vocês também não querem ir?” Simão Pedro lhe respondeu: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna. Nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus”. “(João 6, 66-69)

Ainda nos nossos tempos, muitos e até algumas das religiões cristãs  se escandalizam com estas palavras de Jesus e por isso, não aceitam a Eucaristia como corpo e sangue de Jesus, pois tais palavras são realmente “duras” à nossa racionalidade humana.

Ao ler os versículos anteriores do mesmo capítulo do Evangelho de São João, Jesus, antes de falar abertamente acerca deste “Pão da vida” que seria o seu próprio “corpo e sangue”, manifestou-se com alguns sinais que efetivamente vão para além da nossa racionalidade e limitação humana: Jesus faz a multiplicação dos pães e Jesus anda sobre as águas.

Nestes dois milagres, Jesus demonstra que Deus pode tudo, vence a limitação material e também a limitação humana. Se Deus multiplica alguns pães para saciar a multidão ou se anda sobre as águas para vir ter com os seus discípulos, então nada poderá deter a Vontade de Deus e a forma da sua ação no mundo, ainda mais que este mundo foi criado por Ele.

A Eucaristia é esta pérola de Deus, em que a cruz de Jesus é um sacrifício presente e atual em todas as missas que foram, que são ou serão celebradas até o fim dos tempos. Não nos iludamos que a missa é apenas mais uma celebração de encontro com Deus. Na verdade, o próprio Deus vem ao nosso encontro e espera por nós a cada celebração eucarística.

Deus quer estar conosco, da forma divina e eterna, fazendo-nos provar uma pequena gota do que nos espera, quando estivermos na Sua Presença.

O mundo visível dos sentidos, um dia, quer queiramos ou não, acabará. Mas esta eternidade de Deus, que Cristo nos trouxe, não tem tempo, nem se limita materialmente. A Eucaristia é esta gota de eternidade que Deus nos dá a provar a cada celebração Eucarística.  

Termino com esta profunda oração que o Padre Pio compôs para rezá-la depois de receber a Sagrada Comunhão, cujo o vídeo pode ser visto e ouvido neste link. Nesta oração, Padre Pio demonstra a fé na presença de Jesus na Santa Eucaristia e o seu desejo de que Jesus permanecesse para sempre em seu coração:

"Permanecei, Senhor, comigo, porque é necessária a Vossa presença para não Vos esquecer; sabeis quão facilmente Vos abandono.
Permanecei, Senhor, comigo, pois sou fraco e preciso da Vossa força para não cair tantas vezes;porque Vós sois a minha luz e sem Vós estou nas trevas;pois Vós sois a minha vida e sem Vós esmoreço no fervor;para me dares a conhecer a Vossa vontade;para que ouça a Vossa voz e Vos siga;pois desejo amar-Vos muito e estar sempre em Vossa companhia.Permanecei, Senhor, comigo, se quereis que Vos seja fiel.Permanecei, Senhor, comigo, porque, por mais pobre que seja minha alma, deseja ser para Vós um lugar de consolação e um ninho de amor.Permanecei, Jesus, comigo, pois é tarde e o dia declina… Isto é, a vida passa, a morte, o juízo, a eternidade se aproximam e é preciso refazer minhas forças para não me demorar no caminho, e para isso tenho necessidade de Vós.Já é tarde e a morte se aproxima. Temo as trevas, as tentações, a aridez, a cruz, os sofrimentos, e quanta necessidade tenho de Vós, meu Jesus, nesta noite de exílio.Permanecei, Jesus, comigo, porque nesta noite da vida, de perigos, preciso de Vós. Fazei que, como Vossos discípulos, Vos reconheça na fração do pão, isto é, que a comunhão eucarística seja a luz que dissipe as trevas, a força que me sustente e a única alegria do meu coração.Permanecei, Senhor, comigo, porque na hora da morte quero ficar unido a Vós, senão pela comunhão, ao menos pela graça e pelo amor.Permanecei, Jesus, comigo, não Vos peço consolações divinas porque não as mereço, mas o dom de Vossa presença, assim, Vo-lo peço.Permanecei, Senhor, comigo, é só a Vós que procuro, Vosso amor, Vossa graça, Vossa vontade, Vosso coração, Vosso Espírito, porque Vos amo e não peço outra recompensa senão amar-Vos mais. Com um amor firme, prático, amar-Vos de todo o meu coração na terra para continuar a Vos amar perfeitamente por toda a eternidade. Amém. "
(Texto de autoria de Rosária Grácio)



A vida de Alexandrina Balazar, o seu jejum e anúria, podem ser melhor conhecidos no site:

Neste artigo do site Padre Paulo Ricardo poderá conhecer melhor sobre os milagres Eucarísticos e como começaram:


 Os textos do Catecismo da Igreja Católica foram retirados do site:

O vídeo da oração do Padre Pio pode ser visto neste link: