sábado, 15 de fevereiro de 2020

O Filho Pródigo


Senhor, recebi o batismo na tua Santa Igreja Católica e pela catequese aprendi que Deus é amor e misericórdia. Após estar em tua casa, comungar da tua Presença Real na Eucaristia, ter de Ti tantos dons e graças, comparava-as com o que via no mundo fora da tua casa e pesava humanamente estas dádivas eternas como se fossem iguais às do mundo perecível. Apesar de trabalhar em teus campos, fervorosamente ao Teu Lado e na Tua Companhia, semear a tua Palavra, saboreando-a na minha vida, julguei que era injusto não ter a oportunidade de andar livre no mundo. Os bens materiais, com a sua opulência e a “felicidade”, pareciam-me ser reais e maiores do que a felicidade na Tua Presença.

Ah, suspirei ir ver este mundo que do lado de fora da Tua Casa, Senhor, brilhava oferecendo as suas luzes de racionalidade e de questionamento que me faziam tão senhor do bem e do mal sem estar sob o comando de um Deus com seus mandamentos intocáveis ao longo de anos.

E então, dentro de mim, crescia uma vontade de ir ver esse tal mundo que fora da tua casa, Senhor, me piscava para conhecê-lo melhor, vivendo em seu meio. Se toda a criação é feita por Ti, meu Deus, deixa-me viver neste mundo material, diversificado, onde possa aprender para além do que me ensinaste, Senhor.

Também mereço viver esta felicidade de que tantos falam. Já tantos anos te Servi, meu Deus.


Preciso de um descanso. Preciso de viver a minha vida, ser alguém neste mundo, realizar os meus sonhos, ser feliz e viver o que tantos outros me contam da janela do
mundo onde espreito.

Também mereço, meu Deus, beber de outras águas, comer de outras ideologias, experimentar novos caminhos sem estar sempre diante da tua cruz.

E chegou o dia em que me enchi de coragem e disse a meu Pai e Senhor: - Dá-me a parte que cabe na minha herança! E sim, Deus fez-me a vontade e deu-me a parte que me cabia na minha herança para a gastar no mundo.

Saí feliz, julguei-me finalmente livre das amarras que durante anos julguei ter na tua Casa. Finalmente livre, andei pelo mundo, vivi as suas delícias, usando todos os dons que Tu, Meu Deus me tinhas dado. Encontrei tantos que nem em Ti

acreditavam e pareceu-me que eram tão felizes, tão amigos, tão realizados nas suas vidas e escolhas. Para quê ficar na Casa de Deus, se o mundo oferece o mesmo com tantos gozos sem tantas obrigações e sacrifícios pela salvação da alma e por um reino que não é deste mundo?

E realmente vivi e andei pelo mundo, aprendendo várias “verdades”, caminhos e vidas, por vezes tão distantes do que me tinhas ensinado, meu Deus. E julguei que todos tinham encontrado a sua própria felicidade e que era justo que cada qual usufruísse da sua vida como desejasse.

Porém, o tempo foi passando e esta ânsia que aqui dentro ardia, queimava por mais e mais desejos que por mais que os realizasse, nunca os satisfazia. Aos poucos percebi que os dons que me tinhas dado, apesar de tão bons, e por mais bens materiais que ganhava, tudo julgava pouco.

Tudo neste mundo material era temporário, escorregadio e um dia se acabaria. E para além disso, esta correria entre a ambição e as paixões momentâneas, deixavam um rastro de

vazio, uma suposta felicidade que quando realizada,  era fonte de mais e mais paixões que se acumulavam umas às outras, sem fim, sem nunca me satisfazer.

 E as forças do meu corpo, sua vanglória e firmeza foram-se esbatendo com o passar dos anos. As tempestades foram surgindo, e a casa material que construí na areia junto ao mar dos meus sonhos materiais foi sendo arrastada pelas ondas instáveis da vida.

A dada altura, perdi tudo, e pensei que ainda tinha a amizade dos que andavam ao meu lado, nas festas e realizações da vida. Quando busquei ajuda, os que julgava amigos, aperceberam-se da minha miséria e afastaram-se de mim. Mesmo entre aqueles que um dia tinha repartido o meu pão, agora não queriam repartir comigo o que tinham, pois, no seu apego à riqueza, não vendo que de mim, algum dia, teriam retorno do que me dariam, mandaram-me embora.

A necessidade me fez suplicar trabalhar como escravo, mesmo na maior humilhação, e mal me podia alimentar no dia a dia. Trabalhava todos os dias, horas e horas, nos patrões deste mundo, mas o que recebia era tão pouco, que mal me alimentava. Mendiguei as migalhas, suspirei pelo que era jogado no lixo, pois a miséria tinha abraçado a minha vida.

Foi nesta solidão de mim mesmo, nestas mãos vazias que olhei para o céu e apercebi-me que eu tinha dignidade, pois tinha um Pai, uma Casa, onde um dia vivera realmente na plena satisfação da alma e do espírito.

Como tinha sido ingrato com o meu Pai e Senhor da minha vida. Eu dissipei teus bens neste mundo quando contigo, tinha bem mais, e cuidavas de mim.

Será que me aceitarias de volta?

Uma luz dentro de mim começava a iluminar um caminho. Lembrei da casa do Meu Pai, onde trabalhava, e justamente, via os campos plantados crescerem e darem o seu fruto, e todos comiam, e nenhuma necessidade se sentia em tua Presença Senhor.

Senti fome e sede de Deus.

Senti fome da Eucaristia, desta tua Presença Real entre nós até os nossos dias.

Senti sede de ouvir a tua Palavra, e deixar-me novamente invadir por sua luz.

Porém, antes precisava pedir-te perdão. Queria confessar-te tudo o que de mal fiz, os bens que tinha dissipado, os erros que me tinham enredado, as misérias onde me tinham afogado nos precipícios do mundo.

O mundo que não vivia segundo a tua Lei eterna e imutável, oferecia-me uma justiça aparentemente igualitária na posse de tantas coisas, mas estas coisas, não se multiplicavam como os teus dons espirituais. As coisas que o mundo me tinha oferecido, condicionavam-se a mais e mais amarras, correntes invisíveis que depois de me amarrar aos seus caprichos, deixou-me sem nada, nem mesmo com os dons que Tu, meu Deus me tinhas dado.


E assim voltava para a tua casa Senhor de mãos vazias com o perdão nos meus lábios e a firme resolução de me oferecer como simples servo.

Não queria já ser tratado como filho. Aceita-me Pai como um simples empregado, pois volto para a tua casa, sem os bens que me deste. Pensava assim no íntimo do meu coração.

Ainda longe estava da tua Casa quando me vistes, Senhor, meu Pai,  e fostes, sem hesitar, ao meu encontro.

Temi que não me recebesses e a teus pés, pedi perdão, suplicando que me aceitasses de volta, nem que seja como um simples empregado pois já não era digno de ser chamado teu filho.

Então teu olhar repousou sobre mim. Os teus braços abraçaram o frio da minha pouca fé. Tuas mãos agarraram nas minhas, como amparo, sentindo ainda mais o teu abraço, Meu Pai. Levaste-me rapidamente para a Tua casa e sem hesitar, fizeste-me novamente entrar em Tua Presença. Tu me destes roupas novas para vestir, retirando as miseráveis que tinha trazido do mundo, e colocastes em meus pés, sandálias novas para que começasse a andar em teu Caminho, Verdade e Vida sem mais hesitar. Confessei os meus pecados, e em meus dedos, colocaste um anel, símbolo da minha dignidade como teu filho que julgava ter perdido. Meu Pai pediu aos seus servos que me preparassem uma festa, matassem um novilho gordo e todos estavam convidados para uma grande festa em honra por meu retorno à Casa do Pai. Meu Pai estava feliz e dizia a todos que devia-se fazer festa pois estava morto e revivi.

Meu irmão mais velho que tinha ficado na Casa do Meu Pai e que nunca O tinha abandonado, quando retornou do seu trabalho diário, indignou-se com este Perdão sem limites de Meu Pai diante do filho pródigo que voltava à Casa do Pai, perdoando-o.

Como pode o Pai perdoar um filho ingrato que dissipou os seus bens no mundo durante anos e depois faz-lhe uma grande festa porque retornou? A mim, filho fiel que nunca Te

abandonei, nunca me fizeste uma festa para estar com os meus amigos… - disse o meu irmão zangado para o meu Pai.

E com razão, meu irmão mais velho, tinha trabalhado fielmente todos estes anos sem que uma festa lhe fosse feita. E agora o seu Pai faz uma grande festa por este filho que retorna, ainda de mãos vazias, e após deitar aos pés de Deus, a sua miséria?

O Pai respondeu-lhe: “Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu.


Convinha, porém, fazermos festa, pois este teu irmão estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado.”

Foi então que percebi que longe de Deus, estava morto… morto como todas os bens sujeitos à morte que eu ambicionava… Aqui na casa do meu Pai, onde os bens são eternos, que a traça e nem os vermes comem e corrompem, recomeçava a viver …

No Evangelho de São Lucas, Capítulo 15, 11-32, Jesus conta a história de um filho que pede a sua parte da herança para a gastar no mundo. E após este filho gastar toda a sua

herança, retorna para a casa do Pai, que o recebe em grande festa. Porém o outro filho que nunca tinha abandonado o seu Pai, ficou chateado por uma festa ter sido feita por causa de um filho que gastou toda a sua herança.

Quando somos batizados na Igreja Católica podemos ser um destes dois filhos.

O filho pródigo é aquele que depois de batizado, e mesmo após conhecer o Evangelho de Cristo, resolve voltar a viver no mundo, como se desconhecesse os ensinamentos de Cristo e os mandamentos de Deus, acreditando e aderindo a doutrinas e ideologias não cristãs.


O outro filho que nunca abandonou a casa do Pai, mas se chateia por ter sido perdoado o filho pródigo que volta arrependido, é aquele que não se compadece pela perda de

tantas almas que estão longe de Deus e por isso, não reza e não faz sacrifícios pela salvação destas almas, nem tem misericórdia por quem verdadeiramente se arrepende e quer retornar a viver o Evangelho de Cristo.

Por vezes, pensamos que devemos conhecer outras religiões, outras ideologias e crenças, e que Cristo não nos dá toda a plena verdade.

Estamos num mundo cada vez mais desejoso da globalidade de tudo, em que todos querem abraçar o mundo, perdendo de vista o mais próximo.

Infelizmente, a complexidade da vida moderna deixa-nos sempre mais e mais presos às necessidades materiais que não nos satisfazem espiritualmente.

Esta parábola do filho pródigo alerta-nos para este vazio do mundo material.

Porém, quem está na fé, também deve rezar e se preocupar com quem está perdido e em pecado,

Nossa Senhora tem avisado desta necessidade de rezar pelos pecadores  nas suas aparições. É um verdadeiro mistério que nos foge à compreensão humana, em que a minha oração e sacrifício poderá salvar almas e levar à conversão de muitos.

Por isso, na história do filho pródigo, também o irmão mais velho que já está na casa do Pai e que sempre lhe foi fiel, tem também muito a santificar-se nesta preocupação pela salvação dos pecadores e dos que andam desviados da Verdade de Cristo.

Assim disse Nossa Senhora a Bernardete Soubirous, de 14 anos, em Lourdes, França, a 24 de fevereiro de 1858 :
“Reza a Deus pelos pecadores!
Penitência! Penitência! Penitência!
Beija a terra em penitência pela conversão dos pecadores!"

Quando leio a história de Santa Bernardete e de sua humildade, sinto-me sim, uma filha pródiga que tantas vezes abandonou os caminhos de Deus por egoísmo e amor às coisas do mundo. Só Deus é capaz de curar o nosso coração para santificar o nosso coração por misericórdia e não por merecimento. Convido a todos a lerem a vida dos santos e neles aperceberem-se de quanto distantes estamos da Vontade de Deus se não vivermos realmente Amando a Deus nos nossos pensamentos, sentimentos e ações dia após dia.
Convido-vos a ver e aprofundar um pouco sobre Santa Bernadete e Nossa Senhora de Lourdes nos vídeos do meu canal em 

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Cristo é perseguido e morto




Quem ouve esta notícia pensa consigo que isto ocorreu há muitos anos, ou então como pensam alguns, esta “lenda de Jesus” que um dia alguém contou e passou de geração em geração.

Mas esta notícia aconteceu sim, mas continua a acontecer, e hoje, neste exato minuto em que escrevo, quantas vezes Jesus está a ser perseguido e morto…

Este Jesus que morre ali diante de um cristão que é perseguido e morto pela fé em tantos países.

Quantos cristãos estão agora a serem mortos ou sujeitos à prisão só pelo facto de terem fé em Jesus.

Quantas crianças são raptadas e separadas das suas famílias, escravizadas por serem cristãs…

Os dados de perseguição superam e vão para além do suportável neste mundo dito civilizado e tão ecuménico quanto ao respeito por todas as religiões.

Mas eu não vou aqui falar de dados, pois estes números estão já em tantos sites disponíveis na informação deste vídeo.

O que mais é terrível, muito além dos mártires que todos os dias, são sujeitos a atrocidades perante o silêncio de todos, é que Cristo está a ser arrancado da nossa sociedade. Por vezes, atrás dessa perseguição violenta, há também uma perseguição velada e politicamente correta.

Quantas vezes Cristo é flagelado com as blasfémias e filmes e séries que debocham da pessoa histórica de Jesus, Maria e Deus, com o rótulo de “liberdade religiosa”. Aqui Jesus é cuspido e insultado como o foi quando estava diante dos seus algozes.

Jesus é coroado pelos espinhos dos pecados cometidos, estes pecados que o nosso mundo moderno tenta dizer que não existem, pois Deus tem de se adequar aos novos tempos e modas da humanidade… O pecado de antigamente já não o é hoje porque o ser humano é que sabe o que é certo e errado, e quem é Deus para estabelecer esta fronteira entre o bem e o mal?

Quantas vezes, Jesus carrega a cruz destas perseguições e blasfémias, enquanto muitos fingem não ver, com medo de serem perseguidos e minados pelas correntes das ocupações quotidianas e do cada qual no seu mundo de escolhas conforme a consciência determina.

E Jesus é pregado na cruz das nossas escolhas. Ali na Cruz, Jesus é imobilizado para que possamos seguir no caminho da busca da felicidade e prazeres materiais. As mãos de Jesus pregadas para que as nossas “lavem-se” pelas indiferenças, pelas injustiças que nos passam ao lado. Os pés de Jesus estão pregados para que os nossos não preguem o seu Evangelho, pois é “proselitismo” falar do Evangelho de Jesus e buscar que outros se santifiquem com o seu Caminho, Verdade e Vida.
  
E finalmente Jesus morre na Cruz, quando a fé cristã é tirada da sociedade, dos seus lugares públicos em nome do respeito pelas outras denominações religiosas ou para não ofender os ateístas ou os que odeiam os ensinamentos cristãos.

Jesus é retirado morto da cruz quando finalmente é colocado nos braços da sua Mãe Santíssima quando nestes últimos tempos, as inúmeras aparições de Nossa Senhora falam-nos que o último refúgio é o Imaculado Coração de Maria, a oração do Rosário, a Eucaristia e o verdadeiro Magistério da Igreja Católica.

E Jesus está a ser levado para o sepulcro às pressas, pois o mundo precisa de dedicar às festas pagãs e cultos que divinizam o ser humano como senhor da sua própria vida, em que o sucesso e o poder monetário é o que realmente importa. Há que beber e comer, pois é isto que se leva da vida. Que me importa a alma, pois é o corpo que tenho de alimentar e saciar com os prazeres desta vida, pois se Jesus está sepultado no coração, e se Deus já foi morto ou foi requalificado como uma divindade mais aprazível, há que viver esta vida, amontoar tesouros nesta terra, que de resto nada mais nos resta.

Jesus está agora a ser sepultado na nossa sociedade, sim. E são poucos os que ainda desejam prestar-lhe as últimas homenagens. No Evangelho, está bem claro, que eram poucos os que lhe preparam um digno sepulcro, que seguiram até onde estava sepultado e aguardaram com fé, a Ressurreição. E realmente são poucos os que abertamente divulgam a sua fé, apesar da indiferença, risadas e escárnios do mundo materialista que se alvoroça em ideologias novas sem comprovação científica em busca de dar tudo o que deseja ser e viver, cada ser humano, mesmo que contra a sua própria natureza biológica e para além da racionalidade. Faca tudo o que lhe apetece e seja feliz, pois Jesus está a ser retirado da vida humana e está prestes a ser sepultado.
Até mesmo os que se diziam ser seus devotados apóstolos estão escondidos no cenáculo com medo da perseguição.

As negações de Pedro e a traição de Judas pairam nos horizontes do sol que se põe na vida da humanidade. É o último dia da semana, convém que a “páscoa humana” das crenças moldadas pelas atuais mentalidades seja festejada. Aquele Jesus que jaz no sepulcro falou-nos de um Deus não muito aprazível ao que desejamos ser e ter neste mundo. Precisamos nos adequar aos novos tempos, sempre mais e mais, reinventar novas formas de “ser feliz”. O paraíso de Cristo, da Vida Eterna com Deus, o salvar a alma não nos serve agora…

Porém, a morte chega a todos, e nesse momento de interrogação humana, que muitos dizem ser o fim de tudo que importa, talvez não o será, e provavelmente será a realidade mais certa pois um Deus não nasceria entre nós, não se deixaria morrer por nós na cruz se não fosse realmente real esta verdade da vida além da morte, e esta sim, a verdadeira vida, a vida que será efetivamente eterna que só em Deus será plena e feliz, à qual só entram quem usar a porta estreita da vida conforme os caminhos de Cristo e dos Mandamentos de Deus. 

Na morte congelam-se as vontades naquilo pelo qual lutaram e acreditaram, deparando-se diante do inferno que é a ausência de Deus ou seu repúdio, escolha humana cristalizada pelo livre arbítrio de cada um.


Este texto foi baseado no relato da Paixão e Morte de Jesus nos Evangelhos, e tendo em consideração a perseguição religiosa aos cristãos nas suas diversas modalidades.

Partilho convosco alguns links sobre este assunto na atualidade:



youtu.be/fdeX3991fBQ



domingo, 23 de junho de 2019

Porquê esta dor, Senhor?




Uma das perguntas que mais me contrapõe nos tempos atuais é o porquê de tanto sofrimento na vida humana e no mundo, de tanta dor e angústia que me abate diariamente, e a dor é ainda maior quando atinge as pessoas que mais amo. Por vezes, quando julgo que finalmente posso descansar eis que me vem outra dor ou aflição de onde se menos espera e entro novamente na chamada “tribulação”.

Diante deste dilema, São Paulo na sua carta aos Romanos propõe-me um desafio nas seguintes palavras: “Mais ainda, gloriamo-nos nas nossas tribulações, porque sabemos que a tribulação produz a constância, a constância a virtude sólida, a virtude sólida a esperança.” (Carta aos Romanos 5,3-4).

Aqui Paulo diz-me abertamente que a tribulação é o que me dará glória. Aliás, ainda bem que temos as tribulações pois é por meio destas que vamos ter a constância, a virtude sólida e a esperança.

Claro que estas palavras, inicialmente me parecem insólitas. Aliás, isto de “sofrer” nos nossos dias parece-nos despropositado e surreal. Porém ao olhar a realidade que vivo, se sair do campo espiritual, aprendo que igualmente nos outros sectores de vida humana, faz-se exatamente este percurso de sacrifício, de sofrimento, de dor, mas sobre uma capa de conveniência e de uma espécie de “tem de ser” porque se quer isto ou aquilo, alcançar certo objetivo material ou conquistar determinada posição social, há que passar esta ou aquela dificuldade.

Por exemplo, no campo profissional, quantos sacrifícios se fazem para se manter esta ou aquela posição e status. Se quisermos aquele posto de destaque, ou ganhar mais, temos de trabalhar mais e por vezes, muito para além do que a saúde nos permite. Deixamos de dormir para estudar ao máximo aquela vertente profissional para termos um curso superior ou apenas o conhecimento necessário para sermos “os melhores” na empresa, ou sermos o empresário de sucesso que desejamos ser para conseguirmos ganhar mais dinheiro e chegarmos ao ponto de destaque que almejamos, mesmo que custe o tempo com a nossa própria família, ou nos obrigue a trair as amizades que nos estorvam neste percurso, ou mesmo tenhamos que gastar todas as nossas economias para construir o almejado império profissional, em busca da tal “segurança financeira” futura.

Outro exemplo é o mundo do desporto. Quem deseja ser o melhor dos melhores tem de se esforçar. Muitos jogam futebol, mas só os “melhores” é que chegam a jogar nos clubes de futebol com maior destaque e destes, só um pequeno e reduzido número chega a ser uma “estrela internacional” ganhando milhões a jogar e com a venda da sua imagem de vencedor, alcançando medalhas para o seu país e o seu clube.

Um exemplo vivo disso é o jogador de futebol Cristiano Ronaldo, que recentemente, e mas uma vez, alcançou uma taça para Portugal, a chamada “Liga das Nações”. No último e decisivo jogo do campeonato não fez nenhum golo, mas bastou a sua presença para unir os seus colegas de equipa e alcançar todos os portugueses numa confiança superior, apesar dos grandes e poderosos  adversários que Portugal teve de vencer antes deste último jogo.

Quem conhece um pouco da vida de Cristiano Ronaldo, sabe que a sua vida, desde a sua infância não foi fácil. Sua mãe tentou aborta-lo, pois pensava que o não podia criar, tendo já três filhos e estando sozinha a cria-los. "Eu tinha três filhos e fiz de tudo para abortar quando fiquei grávida pela quarta vez. E era o Cristiano Ronaldo', diz, emocionada na manhã desta terça-feira em um hotel na zona sul de São Paulo. "Eu não tinha condições financeiras e foi Deus quem levou a gravidez adiante. Meu livro é uma mensagem para que todas as mulheres lutem e não desistam de seus filhos". (tentei-abortar-quando-estava-gravida-do-cristiano-ronaldo-diz-dona-dolores,70002319263)

Deixo no final deste artigo outros links das várias entrevistas feitas à mãe do Cristiano Ronaldo que são verdadeiras demonstrações de coragem e fé que dão muita esperança nos nossos dias.

A dúvida que teve a mãe de Cristiano Ronaldo, quando ainda grávida, indaga-me acerca do que hoje é útil ou inútil, descartável ou não, financeiramente rentável ou não, produtivo ou fracassado. 

Na vida, podemos estar diante de situações que à luz do dia de hoje parece-nos um prejuízo, um fracasso, um obstáculo. Mas a vida de pessoas como a mãe deste exemplar jogador de futebol mostra-nos que a tribulação é realmente um motivo de glória como diz São Paulo.

Se a mãe de Cristiano tivesse abortado o seu filho, toda a história tinha mudado com esta morte. Cada vida é única e imprescindível, a começar na história da própria mãe, família e sociedade, chegando ao mundo inteiro como foi o percurso de Cristiano Ronaldo.

Na vida, deparamos-mos com lutas, e julgamos que as nossas barreiras são intransponíveis quando a tempestade está no seu auge. O próprio Cristiano Ronaldo desde muito pequeno aprendeu o valor desta luta contínua diante da adversidade. Há até um vídeo que conta um resumo da sua história que deixo ao final deste artigo mas existem muitos outros vídeos sobre ele.

Mas o Cristiano Ronaldo é apenas um entre milhões de pessoas que lutam, e conseguem, mesmo sem nunca serem famosos e nem a sua história conhecida. 

Cada uma dessas pessoas aceita o desafio de cada dia, não voltando atrás aos compromissos que fizeram, ajudando os que estão ao seu lado. São pais fiéis ao seu compromisso em educar os seus filhos e também filhos a cuidar dos seus pais idosos, em suas casas, até os seus momentos de mais precária saúde ou fragilidade mental.

Infelizmente, nestes momentos de intensas contrariedades em que o vento se levanta contra nós, há sempre quem nos venha com “atalhos”, maneiras mais rápidas de solucionar ou pelo menos, nos ajudem a nos livrar da situação incómoda que temos.

Porém, os atalhos podem nos fazer chegar mais rapidamente ao que queremos mas a que custo? 

Será que todo aquele percurso de dor, do qual queremos fugir, é também um ensinamento, um manancial de bênçãos que deixaremos de usufruir no futuro?

Será que a barreira que nos atira ao chão é um prejuízo ou uma bênção para a nossa vida?

Mesmo que estas palavras não pareçam humanamente razoáveis ou economicamente favoráveis, quem somos nós para decidirmos o que é certo e errado, prejuízo e fraco, irrelevante e descartável neste mundo?

Cada vez mais países querem legalizar a eutanásia, havendo países como a Bélgica que permite também às crianças essa decisão. Houve até uma criança morta com injeção devido à sua doença, mesmo havendo pessoas em outros lugares do mundo com a mesma doença que vivem a sua vida normal se devidamente medicada. (www.gazetadopovo.com.br/ideias/belgica-e-o-primeiro-pais-do-mundo-a-submeter-criancas---de-qualquer-idade---a-eutanasia )

Recentemente uma jovem holandesa de apenas 17 anos pediu a morte assistida, o que se concretizou, tendo o Papa Francisco deixado a seguinte mensagem:
“A eutanásia e o suicídio assistido são uma derrota para todos. A resposta a que somos chamados é nunca abandonar aqueles que sofrem, não desistir, mas cuidar e amar para restaurar a esperança”.
(www.vaticannews.va/pt/papa/news/2019-06/papa-francisco-tuite-eutanasia-noa-pothoven-dom-vincenzo)

Desistir da vida é a uma verdadeira derrota. Ninguém está livre deste momento de dúvida em que diante de um precipício, temos a opção de nos lançarmos para o fundo dele ou simplesmente parar, recuperar forças e escala-lo, para vence-lo.

Não julgo esta jovem que pediu a morte, pois esta vontade de desistir é uma tentação de que ninguém está livre.

Ao mesmo tempo, existem muitos mais casos de pessoas que apesar das suas limitações físicas e até mentais que avançam, lutam e vencem. Sim é possível vencer este medo do "intransponível".

“«Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que seguem por ele. Como é estreita a porta e quão apertado é o caminho que conduz à vida, e como são poucos os que o encontram!»”(São Mateus 7, 13-14)

Termino este artigo com tantas outras lições de esperança que aqui e ali acontecem, que nos sacodem e diz-nos: Crê que é possível! Porquê paras no teu obstáculo?

Não posso apenas reter o meu olhar no Cristo que morre na cruz, pois também tenho de contemplar o Cristo ressuscitado que após a solidão de três dias no sepulcro anunciou aos apóstolos esta esperança que não morre com a morte corporal.

Convido-vos a ler cada uma destas notícias pois há esperança no mundo e essa "pedra" que hoje te parece invencível pode ser a tua grande vitória no futuro.

www.publico.pt/2019/04/02/sociedade/reportagem/trissomia-21-estao-ensino-superior
(Texto de autoria de Rosária Grácio)


Bibliografia;
O significado da palavra “tribulação” foi consultado no site:
www.infopedia.pt/

Fotos de Rosária Grácio.

Foto do Sagrado Coração de Jesus - Pintura sobre azulejo de Gráccio Caetano.

Algumas das entrevistas da mãe do Cristiano Ronaldo podem ser conhecidas nestes sites:






Veja aqui um pouco da vida de Cristiano Ronaldo

domingo, 19 de maio de 2019

“- Como pode este Jesus nos oferecer a sua carne para comermos?”





“- Como pode este Jesus nos oferecer a sua carne para comermos?” (João 6, 52)

Com esta pergunta, os judeus apresentavam-se diante de Jesus quando Dele ouviram o seguinte:
- Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Se alguém comer deste pão, viverá para sempre. Este pão é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo”.(João 6, 51)

A pergunta dos judeus ainda hoje é feita pelas pessoas do nosso tempo. Diante da Eucaristia, verdadeira carne e sangue de Jesus, apresenta-se muito além do que é possível crer, diante do pão e do vinho que em nada se altera visivelmente aos olhos humanos.

Sim, com facilidade, fala-se de um ditado chinês ou mesmo do que o horóscopo tem para dizer conforme o signo do zodíaco. Mas quando se fala da Bíblia, ou de qualquer outro tema cristão, especialmente conceitos católicos, há toda uma questão de dúvida que tem se colocar, porque nestes tempos não se deve estar apegado a estas crenças tão antigas, não fossem aquelas, muito mais supersticiosas,  do que baseadas em uma história real e concreta como o foi a vida da Jesus Cristo.

Por isso, não me surpreende que no tempo de Jesus, igualmente se tenha colocado em questão que um simples pão e vinho apresentem-se como verdadeira carne e sangue de Cristo.

A superstição cada vez mais impera no nosso tempo, e por isso, ainda hoje, a Eucaristia interroga e constrange muita gente. E a pergunta dos judeus tem continuado ao longo dos tempos, havendo até várias igrejas cristãs que acreditam em Jesus mas não acreditam e nem têm a Eucaristia.

Realmente, na nossa mente lógica, é difícil perceber isto de corpo e sangue de Cristo.

“Jesus lhes disse: “Eu digo a verdade: Se vocês não comerem a carne do Filho do homem e não beberem o seu sangue, não terão vida em si mesmos. Todo aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida.” (João 6, 53-55)

Desde a minha primeira comunhão, sinto que algo mais que pão entra na minha boca. No momento em que recebo a Eucaristia, uma força e paz interior envolve-me inteiramente. Desde cedo, percebia sem explicação racional, como tal momento da comunhão do Corpo e Sangue de Cristo é e sempre me foi tão intenso. 

Claro que houve quem me dissesse que a hóstia era apenas trigo, e então após esta constatação, ainda mais não percebia porque tal momento em que comungava era tão intenso.

"Os sinais essenciais do sacramento eucarístico são o pão de trigo e o vinho da videira, sobre os quais é invocada a bênção do Espírito Santo, e o sacerdote pronuncia as palavras da consagração ditas por Jesus durante a última ceia: «Isto é o meu corpo, que será entregue por vós... Este é o cálice do meu sangue...»." (Catecismo da Igreja Católica, nº 1412)

“Todo aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.” (João 6, 56)

Quando ouço estas palavras ditas pelo próprio Jesus, apercebo-me que é exatamente isso que sinto, quando comungo. Sinto a presença de Jesus em mim e neste momento tão pessoal e íntimo, converso com Ele de forma bem próxima.

“A sagrada Comunhão do corpo e sangue de Cristo aumenta a união do comungante com o Senhor perdoa-lhe os pecados veniais e preserva-o dos pecados graves. E uma vez que os laços da caridade entre o comungante e Cristo são reforçados, a recepção deste sacramento reforça a unidade da Igreja, corpo Místico de Cristo.” (Catecismo da Igreja Católica, nº 1416)

Após comungar, por algum tempo, não tenho realmente vontade de comer pois sinto que a presença de Jesus me sacia inteiramente.

“Este é o pão que desceu dos céus. Os antepassados de vocês comeram o maná e morreram, mas aquele que se alimenta deste pão viverá para sempre”. (João 6, 58)


Alexandrina de Balazar, a partir do dia 27 de Março de 1942, viveu treze anos em jejum e anúria. O seu alimento foi exclusivamente a Eucaristia.

“Jesus declara-lhe «Não te alimentarás jamais na terra. O teu alimento é a Minha Carne; o teu sangue é o Meu Divino Sangue; a tua vida é a Minha vida, de Mim a recebes, quando te bafejo e acalento, quando uno ao teu o Meu Coração. Não quero que uses medicina, a não ser aquela a que não possas atribuir alimentação. Esta ordem é para o teu médico; será ele que toma a tua defesa. É grande milagre da tua vida.» (Sentimentos da Alma; 07/12/1946)

Um ano depois de Alexandrina ter começado o seu Jejum e anúria completo, em 1943, foi levada ao Hospital “Refúgio da Paralisia Infantil”, na Foz do Douro, onde ficou internada por quarenta dias para ser rigorosamente observada. Eis o relatório médico:

«É para nós inteiramente certo que, durante os quarenta dias de internamento, a doente não comeu nem bebeu; não urinou nem defecou, e esta circunstância leva-nos a crer que tais fenómenos possam vir a produzir-se de tempos anteriores.”

No dia 25 de abril de 2004, Alexandrina Maria da Costa foi beatificada em Roma pelo Papa S. João Paulo II. A partir desta data, tornou-se beata da Igreja universal.

Penso que a Beata Alexandrina de Balazar revelou em seu próprio corpo, o que a Eucaristia, corpo e sangue de Jesus opera no nosso corpo biológico. As palavras de Jesus mostram-se reais neste caso tão próximo aos nossos tempos e sem uma resposta científica que o possa justificar.

“Declarou-lhes Jesus: “Digo a verdade: Não foi Moisés quem deu a vocês pão do céu, mas é meu Pai quem dá a vocês o verdadeiro pão do céu. Pois o pão de Deus é aquele que desceu do céu e dá vida ao mundo”. Disseram eles: “Senhor, dá-nos sempre desse pão!” Então Jesus declarou: “Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim nunca terá fome; aquele que crê em mim nunca terá sede.” (João 6, 32 -35)

Penso que estes sinais visíveis no mundo, são pequenas mechas de luz que Deus derrama na humanidade para demonstrar a verdade das palavras de Jesus.

Para além destes sinais na própria vida dos santos, também por todo o mundo existem milagres eucarísticos, alguns deles que impressionam pela sua precisão e especificidade, como se Deus preparasse para cada momento da história da humanidade, o sinal visível mais adequado às limitações causadas pela incredulidade humana, com o progresso científico.

Deixo ao fim deste texto, um link onde poderá conhecer mais em pormenor o que são estes milagres eucarísticos e como eles começaram no artigo intitulado: Milagres Eucarísticos: o que são e como começaram?

Mas por que Deus nos dá estes sinais?

“Mas, como eu disse, vocês me viram, mas ainda não creem. Todo aquele que o Pai me der virá a mim, e quem vier a mim eu jamais rejeitarei. Pois desci dos céus, não para fazer a minha vontade, mas para fazer a vontade daquele que me enviou. E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum dos que ele me deu, mas os ressuscite no último dia. Porque a vontade de meu Pai é que todo aquele que olhar para o Filho e nele crer tenha a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia”. (João 6, 36-40)

Deus nos ama tanto que deixou esta presença real de Jesus para que não nos percamos nas distrações do mundo e nem nos esqueçamos da nossa essência como criatura de Deus.

O modo da presença de Cristo sob as espécies eucarísticas é único. Ele eleva a Eucaristia acima de todos os sacramentos e faz dela «como que a perfeição da vida espiritual e o fim para que tendem todos os sacramentos» (São Tomás de Aquino, Summa theologiae 3, q. 73, a. 3, c: Ed. Leon. 12, 140.). 

"No santíssimo sacramento da Eucaristia estão «contidos, verdadeira, real e substancialmente, o corpo e o sangue, conjuntamente com a alma e a divindade de nosso Senhor Jesus Cristo e, por conseguinte, Cristo completo» (Concílio de Trento, Sess. 13ª, Decretum de s.s. Eucharistia, can. 1: Ds 1651.). «Esta presença chama-se "real", não a título exclusivo como se as outras presenças não fossem "reais", mas por excelência, porque é substancial, e porque por ela se torna presente Cristo completo, Deus e homem» (Paulo VI, Enc. Mysterium fidei: AAS 57 (1965) 764.)." (Catecismo da Igreja Católica, nº 1374)

Diante das palavras de Jesus tão concretamente explíctas, acerca do seu corpo e sangue estarem no pão que dá a vida, muitos discípulos ficaram confusos e abandonaram Jesus…

“Daquela hora em diante, muitos dos seus discípulos voltaram atrás e deixaram de segui-lo. Jesus perguntou aos Doze: “Vocês também não querem ir?” Simão Pedro lhe respondeu: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna. Nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus”. “(João 6, 66-69)

Ainda nos nossos tempos, muitos e até algumas das religiões cristãs  se escandalizam com estas palavras de Jesus e por isso, não aceitam a Eucaristia como corpo e sangue de Jesus, pois tais palavras são realmente “duras” à nossa racionalidade humana.

Ao ler os versículos anteriores do mesmo capítulo do Evangelho de São João, Jesus, antes de falar abertamente acerca deste “Pão da vida” que seria o seu próprio “corpo e sangue”, manifestou-se com alguns sinais que efetivamente vão para além da nossa racionalidade e limitação humana: Jesus faz a multiplicação dos pães e Jesus anda sobre as águas.

Nestes dois milagres, Jesus demonstra que Deus pode tudo, vence a limitação material e também a limitação humana. Se Deus multiplica alguns pães para saciar a multidão ou se anda sobre as águas para vir ter com os seus discípulos, então nada poderá deter a Vontade de Deus e a forma da sua ação no mundo, ainda mais que este mundo foi criado por Ele.

A Eucaristia é esta pérola de Deus, em que a cruz de Jesus é um sacrifício presente e atual em todas as missas que foram, que são ou serão celebradas até o fim dos tempos. Não nos iludamos que a missa é apenas mais uma celebração de encontro com Deus. Na verdade, o próprio Deus vem ao nosso encontro e espera por nós a cada celebração eucarística.

Deus quer estar conosco, da forma divina e eterna, fazendo-nos provar uma pequena gota do que nos espera, quando estivermos na Sua Presença.

O mundo visível dos sentidos, um dia, quer queiramos ou não, acabará. Mas esta eternidade de Deus, que Cristo nos trouxe, não tem tempo, nem se limita materialmente. A Eucaristia é esta gota de eternidade que Deus nos dá a provar a cada celebração Eucarística.  

Termino com esta profunda oração que o Padre Pio compôs para rezá-la depois de receber a Sagrada Comunhão, cujo o vídeo pode ser visto e ouvido neste link. Nesta oração, Padre Pio demonstra a fé na presença de Jesus na Santa Eucaristia e o seu desejo de que Jesus permanecesse para sempre em seu coração:

"Permanecei, Senhor, comigo, porque é necessária a Vossa presença para não Vos esquecer; sabeis quão facilmente Vos abandono.
Permanecei, Senhor, comigo, pois sou fraco e preciso da Vossa força para não cair tantas vezes;porque Vós sois a minha luz e sem Vós estou nas trevas;pois Vós sois a minha vida e sem Vós esmoreço no fervor;para me dares a conhecer a Vossa vontade;para que ouça a Vossa voz e Vos siga;pois desejo amar-Vos muito e estar sempre em Vossa companhia.Permanecei, Senhor, comigo, se quereis que Vos seja fiel.Permanecei, Senhor, comigo, porque, por mais pobre que seja minha alma, deseja ser para Vós um lugar de consolação e um ninho de amor.Permanecei, Jesus, comigo, pois é tarde e o dia declina… Isto é, a vida passa, a morte, o juízo, a eternidade se aproximam e é preciso refazer minhas forças para não me demorar no caminho, e para isso tenho necessidade de Vós.Já é tarde e a morte se aproxima. Temo as trevas, as tentações, a aridez, a cruz, os sofrimentos, e quanta necessidade tenho de Vós, meu Jesus, nesta noite de exílio.Permanecei, Jesus, comigo, porque nesta noite da vida, de perigos, preciso de Vós. Fazei que, como Vossos discípulos, Vos reconheça na fração do pão, isto é, que a comunhão eucarística seja a luz que dissipe as trevas, a força que me sustente e a única alegria do meu coração.Permanecei, Senhor, comigo, porque na hora da morte quero ficar unido a Vós, senão pela comunhão, ao menos pela graça e pelo amor.Permanecei, Jesus, comigo, não Vos peço consolações divinas porque não as mereço, mas o dom de Vossa presença, assim, Vo-lo peço.Permanecei, Senhor, comigo, é só a Vós que procuro, Vosso amor, Vossa graça, Vossa vontade, Vosso coração, Vosso Espírito, porque Vos amo e não peço outra recompensa senão amar-Vos mais. Com um amor firme, prático, amar-Vos de todo o meu coração na terra para continuar a Vos amar perfeitamente por toda a eternidade. Amém. "
(Texto de autoria de Rosária Grácio)



A vida de Alexandrina Balazar, o seu jejum e anúria, podem ser melhor conhecidos no site:

Neste artigo do site Padre Paulo Ricardo poderá conhecer melhor sobre os milagres Eucarísticos e como começaram:


 Os textos do Catecismo da Igreja Católica foram retirados do site:

O vídeo da oração do Padre Pio pode ser visto neste link: