“Felizes sereis, quando vos insultarem e perseguirem e,
mentindo, disserem todo o género de calúnias contra vós, por minha causa.
Exultai e alegrai-vos, porque grande será a vossa recompensa no Céu; pois
também assim perseguiram os profetas que vos precederam.” (Mateus 5, 11-12)
Com esta última bem-aventurança, Jesus termina as chamadas "Bem-Aventuranças".
Ao contrário das demais, esta Bem-aventurança é muito mais longa, aliás ocupa dois versículos com duas frases nada pequenas.
Ao ler várias vezes estes dois versículos lembrei-me dos três pastorinhos de Fátima.
Com esta última bem-aventurança, Jesus termina as chamadas "Bem-Aventuranças".
Ao contrário das demais, esta Bem-aventurança é muito mais longa, aliás ocupa dois versículos com duas frases nada pequenas.
Ao ler várias vezes estes dois versículos lembrei-me dos três pastorinhos de Fátima.
Neste mês de Maio, tenho-me dedicado a conhecer melhor a
história dos pastorinhos de Fátima – Portugal. Dois deles, Santa Jacinta Marto
e São Francisco Marto foram beatificados em 13 de maio de 2017, em que se
comemoravam os 100 anos das aparições de Nossa Senhora em Fátima – Portugal.
Na primeira aparição, Nossa Senhora fez-lhes uma pergunta:
“– Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os
sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em acto de reparação pelos pecados com
que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?”
Os pastorinhos responderam:
“– Sim, queremos!”
Então, Nossa Senhora disse-lhes:
“– Ides, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus
será o vosso conforto.”
Ao pronunciar estas últimas palavras (a graça de Deus, etc.)
Nossa Senhora abriu pela primeira vez as mãos, comunicando aos três
pastorinhos, uma luz tão intensa, como que reflexo que delas expedia, que
penetrando-lhes no peito e no mais íntimo da alma, os fez ver a si mesmos em Deus, que era essa luz, mais
claramente do que vê no melhor dos espelhos. Então por um impulso íntimo que também lhes foi comunicado, os três pastorinhos caíram de joelhos a repetir intimamente:
“– Ó Santíssima Trindade, eu vos adoro. Meu Deus, meu Deus,
eu Vos amo no Santíssimo Sacramento.
Passados os primeiros momentos, Nossa Senhora acrescentou:
– Rezem o Terço todos os dias, para alcançarem a paz para o
mundo e o fim da guerra.”
Todas estas palavras, ditas assim, até parecem ser fáceis de
dizer e de ouvir … Porém, quanto mais as leio, mais intimamente fico admirada
por tamanha coragem de três humildes crianças em aceita-las para as suas vidas.
Só Deus, em sua infindável misericórdia, poderia dar a simples
crianças, esta sabedoria que muitos, por mais que estudem ou divaguem, nunca
irão lá chegar.
Toda a perseguição que foi feita àquelas
crianças, e depois à Lúcia, que até hoje ainda se vê, com mentiras a seu respeito que
vão sempre enchendo as redes sociais de interrogações sem sentido. Vejo em tudo
isso e compreendo perfeitamente porque tanta gente persegue estas humildes crianças.
Fátima tornou-se num lugar de peregrinação, e são muitas as
histórias que se vão contando, de conversões, de milagres, de cura espiritual e
física… Não falo dos milagres extraordinários… Falo dos pequenos milagres do dia-a-dia que vão acontecendo na vida das pessoas que diante de uma imagem de Nossa Senhora, rezam o rosário e vão
pouco a pouco, se aproximando de Jesus e de Deus.
E tudo começou com o sacrifício de três pequenas crianças.
Este sacrifício dura até os nossos dias. Cada vez que mais uma palavra de
ofensa é proferida aos três pastorinhos, que procura o descrédito para as aparições, com o intuito de descredibilizar a sua
mensagem, mais e mais conversões se fazem por meio daquelas simples crianças. Isso, porque elas ofereceram a Deus exactamente tudo o que esta bem-aventurança diz, e assim por meio desses sacrifícios, possam converter mais e mais pecadores:
“Felizes sereis, quando vos insultarem e perseguirem e,
mentindo, disserem todo o género de calúnias contra vós, por minha causa.
Exultai e alegrai-vos, porque grande será a vossa recompensa no Céu; pois
também assim perseguiram os profetas que vos precederam.” (Mateus 5, 11-12)
Porém, e apesar disso, todas estas pessoas que se dedicam a falar mal, especialmente das coisas santas, não ficam justificadas:
“A blasfémia opõe-se directamente ao segundo mandamento.
Consiste em proferir contra Deus – interior ou exteriormente – palavras de
ódio, de censura, de desafio; dizer mal de Deus; faltar-Lhe ao respeito nas
conversas; abusar do nome d'Ele. São Tiago reprova aqueles «que blasfemam o bom
nome [de Jesus] que sobre eles foi invocado» (Tg 2, 7). A proibição da
blasfémia estende-se às palavras contra a Igreja de Cristo, contra os santos,
contra as coisas sagradas. É também blasfematório recorrer ao nome de Deus para
justificar práticas criminosas, reduzir povos à escravidão, torturar ou
condenar à morte. O abuso do nome de Deus para cometer um crime provoca a
rejeição da religião. A blasfémia é contrária ao respeito devido a Deus e ao
seu santo nome. É, em si mesma, pecado grave (73. Cf. CIC can. 1369).”(Catecismo
da Igreja Católica nº 2148)
A última bem-aventurança que é dita por Jesus tem certamente um motivo divino ao ser deixada para o fim. Na minha humilde opinião, parece-me que nesta última bem-aventurança, está a chave que abre a porta para todas as demais. Nesta última bem-aventurança revejo todo o caminho de perseguição que foi feito não só a Jesus, mas também aos seus seguidores, ao longo destes séculos. Nas vidas da Virgem Maria e de todos os santos, não há ninguém, que sendo fiel a Cristo, que não tenha sido perseguido, insultado e com mentiras, caluniado. Infelizmente, é uma realidade que ainda hoje, e mais ainda nestes tempos, se repete.
“As bem-aventuranças retratam o rosto de Jesus Cristo e
descrevem-nos a sua caridade: exprimem a vocação dos fiéis associados à glória
da sua paixão e ressurreição; definem os actos e atitudes características da
vida cristã; são as promessas paradoxais que sustentam a esperança no meio das
tribulações; anunciam aos discípulos as bênçãos e recompensas já obscuramente
adquiridas; já estão inauguradas na vida da Virgem Maria e de todos os
santos." (Catecismo da Igreja Católica nº 1717)
Com os pastorinhos de Fátima foi e ainda é assim. Todos os
dias, aqui e ali, aparece um insulto, uma mentira com uma capa de verdade, ou uma alteração do que foi dito ou escrito,
colocando a culpa neste e naquele, quase como um leque aberto de facas bem afiadas
a querer retirar das almas a fé e a sua paz.
Somente almas “crianças” como as dos pastorinhos de Fátima
poderão olhar para tudo isto e ainda aceitar
este pedido de Nossa Senhora:
«– Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei muitas vezes e em
especial quando fizerdes alguns sacrifícios: "Ó Jesus, é por Vosso amor,
pela conversão dos pecadores e em reparação pelos pecados cometidos contra o
Imaculado Coração de Maria".»(3ª Aparição de Nossa Senhora de Fátima - 13
de julho de 1917)
Quem de nós, ao ser perseguido, caluniado e difamado,
injustamente até mesmo no meio das ingratidão de pessoas que julgávamos nossas
amigas, poderá fazer sacrifícios pelos seus perseguidores e pelos que nos fazem mal?
Nunca poderia imaginar que os meus sacrifícios do dia-a-dia
poderão ser meios para salvar todas estas pessoas, especialmente aquelas que me parecem as piores, as que mais me repugnam...
«Em virtude da sua
consagração a Cristo e da unção do Espírito Santo, os leigos recebem a vocação
admirável e os meios que permitem ao Espírito produzir neles frutos cada vez
mais abundantes. De facto, todas as suas actividades, orações, iniciativas
apostólicas, a sua vida conjugal e familiar, o seu trabalho de cada dia, os
seus lazeres do espírito e do corpo, se forem vividos no Espírito de Deus, e
até as provações da vida se pacientemente suportadas, tudo se transforma em
"sacrifício espiritual, agradável a Deus por Jesus Cristo" (1 Pe 2,
5). Na celebração eucarística, todas estas oblações se unem à do Corpo de Senhor,
para serem piedosamente oferecidas ao Pai. É assim que os leigos, como
adoradores que em toda a parte se comportam santamente, consagram a Deus o
próprio mundo» (II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 34: AAS 57
(1965) 40: cf. Ibid, 10: AAS 57 (1965) 14-15.). (Catecismo da Igreja Católica
nº 901)
Isto de fazer penitência por quem não merece, é algo que inicialmente
parece-me absurdo. Como posso aceitar um sofrimento por causa de alguém
que me fez mal ou que me odeia?
E para além disso, como me poderei sacrificar por quem não
tenho qualquer simpatia e até, diria, que não é uma pessoa que considero de bem?
Se estas perguntas me assaltam, então os três pastorinhos ensinam-me!
O que dizer do pedido que Nossa Senhora de Fátima fez aos
três pastorinhos de Fátima em sua quarta aparição de 19 de agosto de 1917:
“– Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios por os pecadores, que vão muitas
almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas.”
Este pedido de Nossa Senhora tem uma fonte evangélica. Foi o próprio Jesus que disse:
«Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o
teu inimigo. Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos
perseguem. Fazendo assim, tornar-vos-eis filhos do vosso Pai que está no Céu,
pois Ele faz com que o Sol se levante sobre os bons e os maus e faz cair a
chuva sobre os justos e os pecadores. Porque, se amais os que vos amam, que
recompensa haveis de ter? Não fazem já isso os cobradores de impostos? E, se
saudais somente os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não o fazem
também os pagãos? Portanto, sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai
celeste.» (Mateus 5, 43-48)
Esta oração e sacrifício que salva almas, pode ser feito por qualquer pessoa, sem grande alarido:
“Como já acontecia com os profetas, o apelo de Jesus à
conversão e à penitência não visa primariamente as obras exteriores, «o saco e
a cinza», os jejuns e as mortificações, mas a conversão do coração, a
penitência interior: Sem ela, as obras de penitência são estéreis e
enganadoras; pelo contrário, a conversão interior impele à expressão dessa
atitude cm sinais visíveis, gestos e obras de penitência (Cf. Jl 2, 12-13: Is
1,16-17: Mt 6, 1-8.16-18.).” (Catecismo da Igreja Católica nº 1430)
E de que formas poderemos fazer penitência?
“A penitência interior do cristão pode ter expressões muito
variadas. A Escritura e os Padres insistem sobretudo em três formas: o jejum, a
oração e a esmola que exprimem a conversão, em relação a si mesmo, a Deus e aos
outros. A par da purificação radical operada pelo Baptismo ou pelo martírio,
citam, como meios de obter o perdão dos pecados, os esforços realizados para se
reconciliar com o próximo, as lágrimas de penitência, a preocupação com a
salvação do próximo (27. Cf. Tg 5, 20), a intercessão dos santos e a prática da caridade «que
cobre uma multidão de pecados»" (1 Pe 4, 8). “(Catecismo da Igreja Católica nº
1434)
Claro que o catecismo da Igreja católica nos ensina mais,
pelo que convido a todos a lerem e aprofundarem este tema da penitência que
talvez seja a resposta a tantos males espirituais e corporais.
Na segunda aparição a 13 de junho de 1917, quando a Lúcia
pediu a cura de um doente, Nossa Senhora disse-lhe:
“– Se se converter, curar-se-á durante o ano.”
Por vezes, as curas das nossas doenças dependem da nossa
conversão. E isto já nos ensinou Jesus, basta lermos a passagem bíblica da cura
do paralítico de Cafarnaum:
“Dias depois, tendo Jesus voltado a Cafarnaúm, ouviu-se
dizer que estava em casa. Juntou-se tanta gente que nem mesmo à volta da porta
havia lugar, e anunciava-lhes a Palavra. Vieram, então, trazer-lhe um
paralítico, transportado por quatro homens. Como não podiam aproximar-se por
causa da multidão, descobriram o tecto no sítio onde Ele estava, fizeram uma
abertura e desceram o catre em que jazia o paralítico. Vendo Jesus a fé
daqueles homens, disse ao paralítico: «Filho, os teus pecados estão perdoados.»
Ora estavam lá sentados alguns doutores da Lei que discorriam em seus corações:
«Porque fala este assim? Blasfema! Quem pode perdoar pecados senão Deus?» Jesus
percebeu logo, em seu íntimo, que eles assim discorriam; e disse-lhes: «Porque
discorreis assim em vossos corações? Que é mais fácil? Dizer ao paralítico: ‘Os
teus pecados estão perdoados’, ou dizer: ‘Levanta-te, pega no teu catre e
anda’? Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para
perdoar os pecados, Eu te ordeno - disse ao paralítico: levanta-te, pega no teu
catre e vai para tua casa.» Ele levantou-se e, pegando logo no catre, saiu à
vista de todos, de modo que todos se maravilhavam e glorificavam a Deus,
dizendo: «Nunca vimos coisa assim!»(Marcos 2, 1- 12)
Esta passagem bíblia ficou tão na memória dos seguidores de
Jesus que é narrada nos quatro evangelhos: (Mateus 9,1-8; Lucas 5,17-26; Marcos
2, 1- 12, João 5,1-9).
A conversão faz-se nos sacrifícios do dia-a-dia. Sofrer por
causa de Cristo é sofrer por quereremos ser mais de Deus, apesar do que nos
ensina o mundo. As escolhas que fazemos no dia a dia, quando optamos viver a
mensagem de Cristo, basta-nos! Por isso é que Jesus diz que devemos nos
alegrar e somos bem-aventurados:
“Felizes sereis, quando vos insultarem e perseguirem e,
mentindo, disserem todo o género de calúnias contra vós, por minha causa.
Exultai e alegrai-vos, porque grande será a vossa recompensa no Céu; pois
também assim perseguiram os profetas que vos precederam.” (Mateus 5, 11-12)
Seremos perseguidos, porque o mal não nos quer ver a fazer o
bem. Quando caminhamos para a nossa santificação, os espinhos irão cada vez mais
aumentar.
Porém, ao contrário do que muitos possam pensar, a cada
passo que se dá neste caminho, mais se fica em paz. Por quê? Porque a paz que
Deus nos dá é tão grande que nenhuma dor ou tristeza pode suplantar.
Também, aqui não posso deixar de lembrar o quanto a perseguição religiosa aos cristãos é feroz nestes tempos, e também estes mártires, que fisicamente dão a sua vida por Jesus são também abraçados por esta bem-aventurança.
No entanto, Jesus quer-nos atentos, e que O busquemos também na vida quotidiana.
O dia-a-dia traz-nos meios de santificação. São dons de Deus que precisamos identificar e compreender à luz da sua Palavra.
E por falar em dons, deixo-vos com as palavras do Papa Francisco dirigidas aos
doentes, na sua visita a Fátima- Portugal:
“Queridos doentes, vivei a vossa vida como um dom e dizei a
Nossa Senhora, como os Pastorinhos, que vos quereis oferecer a Deus de todo o
coração. Não vos considereis apenas recetores de solidariedade caritativa, mas
senti-vos inseridos a pleno título na vida e missão da Igreja. A vossa presença
silenciosa mas mais eloquente do que muitas palavras, a vossa oração, a oferta
diária dos vossos sofrimentos em união com os de Jesus crucificado pela
salvação do mundo, a aceitação paciente e até feliz da vossa condição são um
recurso espiritual, um património para cada comunidade cristã. Não tenhais
vergonha de ser um tesouro precioso da Igreja.” (Papa Francisco - Saudação
do Santo Padre aos doentes no final Santa Missa - Adro do Santuário, Fátima- 13 de maio de 2017)
Bibliografia:
Palavras do Papa Francisco consultadas em:
O relato das aparições em Fátima - Portugal foram
consultadas em:
Os trechos bíblicos foram consultados no site:
www.capuchinhos.org/biblia/
As imagens são pinturas originais de Gráccio Caetano
www.gracciocaetano.com
As imagens são pinturas originais de Gráccio Caetano
www.gracciocaetano.com