“Sabeis em que tempo vivemos: já é hora de acordardes do sono, pois a
salvação está agora mais perto de nós do que quando começámos a acreditar. A
noite adiantou-se e o dia está próximo. Despojemo-nos, por isso, das obras das
trevas e revistamo-nos das armas da luz. “ (Carta de São Paulo aos Romanos 13,11-12)
Para os cristãos católicos, hoje é o primeiro domingo do
advento. Advento vem do latim “adventus,”
que significa chegada, vinda.
Serão quatro semanas de advento em que ansiamos pelo Natal, em que a luz de Cristo iluminará todos os corações.
Por vezes, lembramos do Natal como mais uma festa… Para nós
cristãos católicos, a essência do Natal é muito mais profunda.
Hoje faz um mês que meu irmão faleceu. A perda de um ente
querido na proximidade de uma festa tão linda como o Natal fez-me perder, por
alguns instantes, a esperança e a vontade de festejar o Natal.
Porém, quando ouvi a leitura da Carta aos Romanos feita na
missa de hoje, percebi que ela vem ao encontro desta dor pela qual passo …
Então São Paulo oferece-me uma esperança: “A noite
adiantou-se e o dia está próximo.”
Apesar da noite que me cobre com suas dores do dia a dia,
doenças, perdas, luto…, o dia está próximo. Pois, como ainda diz São Paulo, bem sabemos “em
que tempo vivemos”. Por isso ele me adverte: “já é hora de acordardes do sono.”
Já é hora de acordar, mas este acordar é por causa do Natal em
que acredito. Para mim, como católica, o
Natal não pode e não deve ser apenas uma festa com prendas e comezainas.
O Natal em que acredito é o Natal de Jesus. Este é a esperança
viva na ressurreição que venceu a morte. Jesus é a invencível luz que venceu as
trevas.
Então como poderei fazer do Natal, esta luz que iluminará as
trevas do meu coração enlutado?
Esta é uma oportunidade que Deus me oferece para purificar a
forma como eu tenho festejado o Natal nos anos anteriores….
Já é tempo de viver e celebrar o Natal, simplesmente e
apenas o Natal na sua essência mais pura: Jesus.
Ainda mais neste tempo de dor, o meu coração enlutado necessita da luz de
Cristo. Ah, como deve o meu coração ansiar pelo Natal para que as trevas do luto
e da dor sejam transformadas pela luz de Cristo.
É esta esperança que me deve mover nos quatro domingos do
advento que me separam da celebração do Natal.
Serão quatro semanas em que irei me revestir com as armas da
luz como referiu São Paulo: ”… revistamo-nos
das armas da luz.”
Este revestir vem no
seguimento de algumas ações concretas que tenho primeiramente de fazer e que
também são ditas por São Paulo no mesmo texto.
A primeira ação concreta é “já é hora de acordardes do sono,
pois a salvação está agora mais perto de nós do que quando começámos a
acreditar”.
Devo acordar do sono em que o Natal foi imerso pelo comércio
e pelos media, tornando-se em mais uma festa desprovida da memória do
que o é ou que deveria ser para os cristãos.
Afinal, se o Natal é a comemoração do nascimento de Jesus,
qual festa de aniversário seria a melhor indicada para oferecer a este
inesquecível e divino aniversariante?
A segunda ordem de São Paulo é: “Despojemo-nos, por isso,
das obras das trevas.”
O que são as obras das trevas?
Aqui tenho de me focar exatamente naquelas obras das trevas que
envolvem os meus pensamentos e ações no dia a dia.
Pois é urgente que me revista das armas da luz.
Parece fácil, mas afinal que tipo de armas de luz são estas?
Acredito que o meditar da Palavra de Deus nestes quatro
domingos que me separam da celebração do Natal irá me ajudar a revestir-me das
armas da luz necessárias para celebrar o Natal como memória do nascimento de
Jesus.
A luz é Cristo e esta luz está próxima.
Deixemos para trás o que não é luz. Despojemo-nos do que efetivamente
não é importante.
Antes de fazer presépios, montar a árvore de Natal, ou
colocar qualquer outro sinal do Natal, resolvi primeiro esvaziar aquele pequeno
espaço que escolhi na minha casa para colocar a coroa do advento e o presépio.
Resolvi retirar todas as coisas que estavam ali.
Fiz isto como um gesto simbólico de que devo despojar-me de
tudo que me afasta do Natal de Jesus para que assim possa celebrar a sua festa
como Ele realmente deseja.